quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Capítulo 26 (Parte II) - O segredo


O caminho até Sintra foi agradável. Não tocámos no assunto David. Chegámos a casa da Raquel, já passava da uma da tarde. Foi ela quem nos abriu a porta com um sorriso encantador.

- Meninas como estão?
- Bem – Respondemos em simultâneo.

Caminhámos em direcção ao jardim, onde já estavam todos à nossa espera. Assim que saímos do interior da casa, os meus olhos encontraram os do David. Senti o meu corpo estremecer. Disse-lhe um “olá” apenas com os lábios e esbocei-lhe um sorriso. Ele respondeu da mesma forma mas sem sorrir. O meu coração ficou pequenino naquele momento. Tive a certeza de que o David estava magoado comigo e temi, pela primeira vez, que a minha atitude nos últimos dias o tivessem afastado de mim. A Raquel salvou-me dos meus próprios pensamentos quando me puxou por um braço para me apresentar à família. Conheci os pais, os tios, a prima e a pequena Ritinha, filha da prima. A Si cumprimentou-os e dirigiu-se para a mesa onde estavam o Ruben, o Gustavo e o David. Eu segui-a, tentando um sorriso. Cumprimentei os três com dois beijos. Deixei o David para último e afastei-me de imediato. Para disfarçar o nervoso miudinho que se apoderava de mim, resolvi dar logo o presente à Raquel, que entretanto se tinha juntado a nós com a Ritinha.

- Uma caixa? Hum, o que será? – Perguntava-me ela sem desconfiar do que iria receber.
- Um electrodoméstico. – Respondi-lhe com ar de gozo.
- Oh, não sejas assim. Queres abrir comigo, Ritinha?

A pequena nem respondeu. Agarrou no embrulho e num ápice desfez o papel vermelho. A Raquel pegou na caixa, abriu-a e olhou para mim com um sorriso rasgado. Levou as mãos aos cantos interiores dos olhos para controlar as lágrimas.

- Oh Kika… tu és demais! Obrigada, amiga!
- E tu és uma chorona. Mostra lá ao pessoal.

A Raquel tirou de dentro da caixa o “Música de Praia” e mostrou-o a toda a gente. Depois apertou-o contra o peito e deu-me um beijo repenicado na bochecha. Aquele momento carinhoso foi quebrado apenas pelo Sr. Carlos, pai da Raquel, a chamar-nos para a mesa que estava colocada no jardim. Nós obedecemos e sentámo-nos de imediato. O David sentou-se à minha frente. Por vezes trocávamos olhares que nos sufocavam. Nem um nem outro comemos praticamente nada. Pouco falámos para além do essencial de quando se está a ter uma refeição conjunta. A Ritinha pediu à mãe para se sentar ao meu lado. Estava encantada com a minha fita do cabelo. Disse-me que também tinha uma da Hello Kitty mas que se tinha esquecido de a colocar. Sem pensar, tirei a minha e coloquei-lha na cabeça. Ela ficou tão feliz que só pelo brilho do seu olhar consegui perceber que tinha acabado de ganhar uma companheira para a tarde. E foi, de facto, o que aconteceu. Eu e a Ritinha tornámo-nos inseparáveis. Brincámos às escondidas, às raquetes, montámos a casa da Barbie quinhentas mil vezes e levámos o Kenny a passear. Embora aqueles já não fossem os bonecos da moda, a pequena gostava deles por terem pertencido à mãe e à prima. E isso ainda nos unia mais. “Pelo menos brincamos com algo que eu conheça”. Cada vez que eu deixava a Ritinha e me juntava aos adultos, o David fazia questão de se afastar, inventando qualquer outra coisa para fazer, a última delas brincar com a miúda. Pegou nela ao colo e dançaram no meio do jardim. Um momento maravilhoso de ser presenciado. Pensei que talvez aquela fosse uma boa oportunidade para trocarmos algumas palavras e juntei-me à brincadeira. Mas assim que me aproximei o David voltou a afastar-se, dizendo à pequena que ia “ao banheiro”. Ela sorriu e agarrou-se a mim. Quis pentear-me os cabelos e eu deixei. Mas aquela atitude do David estava a perturbar-me de tal forma que, num instinto, pedi à Ritinha que fosse penteando as bonecas enquanto eu ia só fazer um xixizinho. Levantei-me sem lhe dar tempo de reclamar e fui plantar-me à porta da casa de banho. Quando o David saiu eu estava encostada à parede. Ele olhou para mim e afastou-se da porta.

- Já pode usar.
- Não vim à casa de banho. Vim falar contigo.

Ele rodou ligeiramente a cabeça e evitou o meu olhar.

- David, tu estás a evitar-me.
- Não é isso que você tem feito comigo? – Respondeu-me secamente, enquanto humedecia os lábios.
- Sim, é. E tu vieste ter comigo. Eu estou a fazer o mesmo. Porque é que estás a ter essa atitude?
- Você ainda pergunta porquê? Pôxa Kika, eu já te falei. Eu tou amarradão em você. O meu coração parou quando eu vi você entrar há pouco. Eu não consigo estar perto de você e não te beijar.
- Ah, claro que consegues. Estamos aqui os dois e tu…

O David agarrou-me na cara com as duas mãos e beijou-me com um desejo intenso. Eu, mais uma vez, não resisti ao beijo. Os nossos corpos apertavam-se contra a parede.


- David, pára. Pode aparecer alguém

Ele colocou uma mão na parede, onde eu estava encostada, ligeiramente acima do meu ombro esquerdo.

- Tá fugindo de novo? – Dizia-me, enquanto me segurava o queixo com a outra mão. – Você tá sempre fugindo. Kika, eu gosto de você, de verdade.

Os nossos olhos fitavam-se agora com uma intensidade que quase cegava. As nossas bocas estavam de novo próximas e o meu coração batia descontroladamente.

- Obrigada. – Trinquei o interior do lábio com tanta força que podia sentir o sabor do sangue na minha boca. A expressão facial do David demonstrava surpresa.

- Obrigada? Eu te digo que gosto de você, que tou apaixonado por você e você me agradece? Ah fala sério! – Dizia-me o David, enquanto dava uma palmada na parede, ao mesmo tempo que tentava disfarçar um sorriso nervoso. Aquele momento de tensão foi interrompido pelo barulho de uma peça de louça a partir, seguido do choro da Ritinha que, com os seus tenros seis anos, tinha assistido à conversa.
O David afastou-se de mim pondo as mãos na cabeça e eu fui a correr pegar a menina ao colo.

- Calma, querida, não chores. Foi só um susto!
- Ele estava a bater-te? – Perguntava-me ela por entre soluços e perante o olhar desesperado do David.
- Não, querida – limpei-lhe as lágrimas – claro que não. O David estava só a matar um bichinho que estava na parede.
- Prometes? – Perguntava com um beicinho.
- Claro, princesa. Eu sou tua amiga, não te ia mentir.
- E a jarra? A tia Lala vai ralhar comigo.
- Oh, não vai nada. Nós dizemos-lhe que foi sem querer – fiz-lhe uma festa na bochecha. – Mas o que estavas aqui a fazer?
- Eu vinha só à tua procura. – A Ritinha fazia beicinho.
- Pronto, encontraste-me. Agora vamos lá para fora sim? – Ela abanou a cabeça positivamente – Mas primeiro dá-me um beijinho e outro ao David, pode ser? – Ela ia abanando que sim com a cabeça a todas as minhas perguntas – Ele também é teu amigo, não é? E ele é divertido e carinhoso contigo não é? E ele dança bem, não dança?

Sorri-lhe, dei-lhe um beijinho na cara e ela retribuiu-me. Pousei-a no chão, compus-lhe a bandolete na cabeça e pedi-lhe um sorriso. Ela deu-me o mais fantástico do mundo.

- Dás um beijinho ao David?

Ela olhou para ele em jeito de resposta. Ele baixou-se e agarrou-a, dando-lhe um longo beijo na testa.

- Tá tudo bem, agora?
- Sim.
- Você gosta de mim?
- Gosto… muito.
- Ainda bem que você não tem medo de falar que gosta de mim, que nem certas pessoas que eu conheço.

Aquele “recado” do David trespassou-me o coração e quase me cortou a respiração. A Ritinha olhava para ele sem perceber o significado daquela frase. Ele levantou-se, riu-se para mim e foi para o jardim, sem olhar sequer para trás. Eu dei a mão à Ritinha e caminhámos juntas. “Estúpida, estúpida, estúpida, estúpida, estúpida”, repetia para mim mesma a cada passada. Queria tanto voltar a trás e mudar o rumo daquela conversa. Estávamos quase a sair quando a pequena pára e me diz.

- Eu vi tu e ele a darem um beijinho.

Congelei. Baixei-me de imediato e olhei em volta para me certificar que mais ninguém tinha ouvido. Puxei-a para junto de mim.

- Ritinha, sabes o que é um segredo?
- Sim. É uma coisa que eu sei e que não posso contar a ninguém.
- Isso mesmo, linda menina. Então… o beijo que tu viste… não podes contar a ninguém, está bem? É um segredo meu, teu e do David, ok? – Perguntei-lhe, piscando-lhe o olho.
- Sim, está bem. Mas, Kika, tu gostas dele?

Fiquei embasbacada com aquela pergunta, mas não consegui mentir-lhe. Foi um impulso ao qual não resisti.

- Sim, gosto muito dele, muito, muito. Mas isso também é segredo. E este é só nosso, meu e teu. Não podes contar nem ao David, está bem?
- Sim.– Sorriu de felicidade. – Ainda bem.
- Ainda bem o quê, querida?
- Que gostas dele, porque eu acho que ele também gosta de ti.

Um sorriso invadiu-me o rosto. A sinceridade das crianças é de facto uma coisa extraordinária. Mas pode ser, por vezes, tão inconveniente. Chegámos ao jardim e eu procurei a Si com o olhar e encontrei-a sentada junto ao Ruben, ao Gustavo e ao David. Fomos sentar-nos junto aos brinquedos, na manta esticada por cima da relva. A Raquel chamou-nos pouco depois para cantarmos os parabéns. A Ritinha continuava junto a mim. Depois dos festejos, voltámos para a mesa com o resto do grupo. Sentei-me com a pequena ao colo, sem conseguir evitar cruzar o meu olhar com o do David. Dividi com a menina uma fatia de bolo e uma taça de champanhe para crianças, enquanto a Si e a Raquel bebiam uns beirões e os rapazes continuavam a beber água. Por entre as brincadeiras com a pequena e as trocas de olhares com o David, ía-me martirizando por não ter conseguido, uma vez mais, ser sincera com o David.

Pouco depois, a mãe da Rita aproximou-se e informou-a de que teriam de voltar para casa. A pequena deu-me um beijo, desceu do meu colo e agarrou na mão da mãe. Preparavam-se para se afastarem da mesa quando a Rita, voltou e se agarrou às minhas pernas.

- Não quero ir embora.
- Ritinha, tens mesmo de ir. Mas olha, podes ficar com a minha bandolete. Ofereço-ta.

Ela agarrou-se a mim, deu-me um longo beijo na bochecha e brindou-me com a sua ingenuidade.

- Olha, eu não me esqueço dos nossos segredos…

Até estremeci só de a ouvir dizer aquela palavra. A Rita levou o dedo ao nariz e fê-lo rodopiar, mostrando que estava em dúvida.

- … mas eu já não me lembro de qual segredo é que eu não posso contar a ninguém, nem ao David. O do beijo ou o outro que gostas muito, muito, muito dele?

Baixei a cabeça lentamente, coloquei a mão por cima dos meus olhos e tentei a todo o custo controlar a respiração. “Merda”, era a única palavra que saía. Levantei a cabeça a custo e encontrei a Ritinha ainda com o dedo no nariz, confusa.

- Nenhum, Ritinha, nenhum. Agora vai lá que a tua mãe está à tua espera.

Percebendo que tinha feito asneira, a pequena tapou a boca, olhou para mim, depois para o David, pediu desculpa baixinho e correu para junto da mãe. O Ruben soltou uma gargalhada que não conseguiu parar nem com a Raquel a bater-lhe no braço. O Gustavo e a Si estavam entrelaçados a abafarem o riso no corpo um do outro. O David olhou para mim com uma calma que me enfureceu ainda mais. Sem dizer uma única palavra, levantei-me e fui para a casa de banho. Quando regressei para junto do grupo, já a Si e os rapazes estavam prontos para irem embora.

- Então, estavam à minha espera? - Perguntei
- Sim, Kika, já está a ficar tarde e os rapazes têm uma viagem para fazer amanhã cedo – Respondeu-me a Si, continuando – Paris, ai que inveja.
- Paris? – Não me recordava daquela viagem.
- Sim, lagartixa, primeira-mão dos dezasseis-avos de final da Liga dos Campeões, sabes o que é isso? – O Ruben olhava com ur ar trocista e eu já esperava uma provocação – Oh, claro que não. Vocês este ano é só liga dos cêntimos.
- Ruben, não sejas parvinho.
- Tou só a brincar, lagartixa.
- E aí gente, vamo? – O David intrometeu-se e começou a caminhar em direcção à porta da casa.

Saímos os seis e ficámos reunidos a despedir-nos. O David acenou com a mão e foi para o carro dele.

- Então mano? – Perguntava-lhe o Ruben, surpreendido
- Vou entrando, manz, tou ficando com frio e não posso piorar.
- Ah pois não, mano, vai lá, vai.
- E aí Gustavo, não demora, não?
- Pô macarrão, cê tá stressado. Relaxa, cara. Me dá um minuto.

O David nem respondeu, entrou imediatamente no seu carro. Todos olhavam para mim, como se esperassem qualquer atitude da minha parte. Percebendo a minha fingida distracção, a Si deu-me uma valente cotovelada.

- Porra, Si, essa doeu. Estás maluca ou quê?

A Si continuava a olhar para mim, tentando transmitir-me uma mensagem facial. Eu sabia perfeitamente o apelo que ela me fazia. E a minha vontade era sem dúvida ir ter com o David e dizer-lhe de uma vez por todas o que sentia, mas as minhas pernas não me obedeciam. Aquela luta entre o meu coração e o meu corpo só foi interrompida por nova provocação do Ruben.

- Oh Si, ela é lagarta. E eles são todos assim, dentro e fora do campo – Ele sorria.
- Assim como Ruben? – Perguntei-lhe com algum desdém.
- Fraquinhos, fraquinhos…

Soltou-me uma gargalhada conjunta. Senti uma vontade enorme de ofender o Ruben, mas consegui controlar-me. Soprei um beijo com os lábios e entrei no carro da Si, que ela me tinha pedido para conduzir, uma vez que tinha consumido álcool. A Si e o Gustavo beijaram-se e cada um entrou no respectivo carro. A Raquel e o Ruben continuavam abraçados junto à entrada da casa à espera que arrancássemos. Eu liguei o carro e, quase sem controlar o movimento, olhei para o David. Ele sorriu-me timidamente. Fechei os olhos, respirei fundo, e com o carro a trabalhar, abri a porta e saí, num gesto irreflectido. Contornei o carro da Si pela traseira, dirigi-me ao carro do David e abri a sua porta. Ele olhou para mim, algo surpreso.

- Então, esqueceu alguma coisa?
- Sim, esqueci-me de duas coisas – Fiz uma pausa e debrucei-me sobre ele – Esqueci-me de te dizer que te adoro e de esqueci-me de fazer isto.

Entrelacei a minha mão esquerda nos caracóis do David e dei-lhe um beijo cheio de paixão. Ele correspondeu. Deixámo-nos que as nossas línguas se envolvessem num bailado frenético e beijámo-nos louca e demoradamente, até quase perdermos o fôlego. Selámos aquele momento apaixonado com um leve beijo. Ficámos alguns segundos a olhar-nos profundamente.

- Obrigado – Foi a única palavra que o David proferiu por entre um sorriso delicioso, que eu retribui.

Voltei a erguer-me e antes de fechar a porta, olhei por cima do tejadilho do carro para a Raquel e o Ruben, que sorriam.

- Ruben – gritei de sorriso rasgado.
- Sim?

Estiquei o braço e levantei o dedo do meio, fazendo um gesto obsceno.

- Fraquinho, mas muito sincero…

Soltei uma gargalhada. Todos me acompanharam menos o David. Consegui decifrar-lhe a dúvida pela expressão facial. Voltei a debruçar-me no carro.

- Amanhã ele explica-te. – Roubei-lhe atrevidamente um beijo suave nos lábios – Até amanhã, caracolinhos.
- Não. Até quarta. – Disse-me com uma certa tristeza.
- Ou isso. Vou ter saudades tuas – Sorri-lhe e voltei a beijá-lo levemente. Ele olhava para mim atónito. 

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, fechei a porta e saí. Voltei para o carro da Si, de sorriso rasgado. Ela olhava para mim enternecida. Puxei o carro para trás e preparei-me para seguir. Ainda sorridente, fitei a Sílvia, dizendo-lhe apenas: “Sinto o meu coraçãozinho aos pulos”. Ela sorriu para mim e aumentou o volume do rádio. Aqueles sorrisos acompanharam-nos até casa.

12 comentários:

  1. oh está lindo!

    confeso que ia a meio do capítulo e estava a pensar que ainda não era desta que eles se entendiam...mas pronto resolves-te manter o suspense até ao fim!! Ficou mesmo muito lindo!!

    Adorei mesmo!!

    Bjs

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  2. Isto começa a aquecer :P
    Afinalmente aqueles dois conseguiram-se entender, o regresso na quarta-feira promete

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  3. va toca a postar mais... agora é que isto tá a melhorar, nao pode é dar outro ataque á kika, e voltar atrás... bjs gostei imenso

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  4. Esta super lindo...

    Quero mais... tou muito curiosa...

    Continua... se poderes posta mais hoje, por favor...

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  5. Está lindo!!! QUEREMOS MAIS!!! ;)

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  6. Muito bom. mesmo muito bom!!!
    Adorei, isto é mesmo de nos agarrar á história.
    Parabéns pela fic.
    Vou esperar ansiosa pelo próximo.
    Beijinho

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  7. Muito Bom :) És fantastica babe! Forca aí...

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  8. Amei amei amei! Sem duvida a tua fic é a melhora. Tem qualquer coisa! AMo amo amo!
    Agora quero mais!

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  9. Ai aleluia que aqueles dois, quer dizer que a kika admitiu :P
    Amei o capitulo, esta brutal mesmo!
    Quero mais!

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  10. Amei o capitulo! Que lindos ohh !
    MAis!

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  11. Sem palavras!!!
    Parabéns Anita!

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